A poluição, a construção de barragens, a agricultura intensiva e as espécies invasoras estão a colocar em risco um quarto das 23 mil espécies que povoam os ecossistemas de água doce do planeta. Esta dramática perda de biodiversidade, denunciada num estudo recente publicado na Nature e conduzido pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), teria consequências desastrosas para os equilíbrios naturais. Os cientistas apelam a uma ação urgente por parte dos governos para proteger estes ecossistemas frágeis e evitar a extinção de milhares de espécies.
Ricos em biodiversidade e essenciais para a sobrevivência de muitas comunidades humanas, os ecossistemas de água doce estão agora sob uma pressão sem precedentes. Tal como salientado por estudos recentes, a maioria das avaliações da biodiversidade até agora negligenciou estes ambientes, subestimando a gravidade da crise que os afecta. Esta falta de atenção limitou inevitavelmente a eficácia das medidas de conservação, colocando em risco a sobrevivência de milhares de espécies.
A atenção limitada dada aos ecossistemas de água doce nas políticas de conservação levou a uma grave subestimação da biodiversidade aquática. As decisões tomadas até agora basearam-se principalmente em dados relativos a espécies terrestres, negligenciando as necessidades específicas dos organismos que povoam rios, lagos e zonas húmidas. Esta lacuna comprometeu a nossa capacidade de proteger um património natural inestimável, que acolhe mais de 10% de todas as espécies conhecidas e fornece serviços ecossistémicos essenciais, como a regulação do ciclo da água e a mitigação das alterações climáticas.